Construí uma casa para ti, para mim, para nós. Sem paredes, um grande cubo envidraçado, não era palpável nem visível mas existia. Eu sei que existia. Estava repleta de gargalhadas contagiantes, silêncios contempláveis, carícias sentidas e olhares profundos. Cheirava a ti, a mim e a mar. E o que lá se ouvia era só a nossa música.
Tão bonita que era a nossa casa! Lá flutuávamos em paz e felizes, como se nos fundíssemos na mesma pessoa. Nas montanhas, na floresta, no mar, na costa portuguesa, nas praias exóticas do mundo, estávamos sempre os três. A nossa casa, dentro de ti e de mim. Eu sei que existiu.
Diz a todos que já tiveste uma casa, aquela que ganhava forma e sabor quando estávamos nós. À luz da vela, do candeeiro, do sol, da lua e das estrelas. Eu, deitada no teu peito nu, e tu a abraçares as minhas costas nuas, como se me protegesses do perigo que não existia. Que nunca poderia ali existir, na nossa casa.
Um dia eu tive uma casa, agora tenho só o mundo.
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