O pássaro nunca foi, ou é, o meu animal preferido. No entanto, invejo-lhe o voo. Nem só a liberdade, mas o abrir d’asas e voar. O ver de longe o mundo imenso. O ir, sem medo das alturas, dos cantos virgens ou dos monstros nos penhascos. Sem hora para voltar.…
Se, como por magia, aparecesse no reflexo do espelho do meu quarto em 2010, daria alguns conselhos àquela miúda. Sem que esses mudassem o rumo da década, sem eliminar ou acrescentar vidas. À miúda de vinte anos, que estudava à noite, trabalhava de dia e dançava aos sábados, dir-lhe-ia para…
Este Natal, não me dês Chanel. Nem agora ou nunca. Ou Louboutin, eu não sei andar de sapatos altos. Na verdade, não me ofereças marcas que soem elaboradas, francesas ou italianas. Eu não sou assim. Não me dês jóias brilhantes, não sou de brilhos exagerados ou de mostrar que tenho…
“Entrou em casa com um ramo de flores. Chorou, implorou perdão agarrado aos meus joelhos”. Com o mesmo ramo de flores lhe bateu. Ficou caída na cama, em silêncio, e com dezenas de pétalas a cobrir a colcha, ensopada em baba e lágrimas. . Está em casa, sozinha. Lambe as…
É Pappy, parabéns! Seguido de um sorriso malandro, epá, obrigada! Um abraço desajeitado, um almoço de domingo, um soprar de velas, um presente improvisado e uma máquina fotográfica em punho. Tantas vezes o fizemos, tantas vezes pareceu déjà vu, sempre a mesma coisa… E hoje, parece o quê? Onde quer…
Relógio biológico Disse eu um dia, talvez à minha mãe, que queria estar casada e com dois rebentos aos vinte cinco anos. Ainda nada eu sabia da vida. Passaram-se os vinte cinco, as datas não cumpridas e hoje pondero até nem ter filhos. Entristecem-se os futuros avós, bisavós, tias de…
Estás aí? Tem dias que gostava, que queria mesmo, que desejo mesmo, segurar a tua cara nas minhas mãos. Ter a tua cara entre as palmas das mãos, perguntar se estás aí. Aí dentro. “Ainda estás aí?” Tem dias que tenho medo. Muitos dias que tenho medo. Principalmente quando estou…
Quando a saudade aperta tudo é motivo para voltar a Portugal. Assim que resgato a mala do tapete, há adrenalina. Há ansiedade de me sentir em casa, de querer o conforto de infância que lá fora não encontro. No entanto, quando a azáfama acalma, reconheço que quanto mais retorno mais…
Há sempre uma, ou várias, músicas que quando soam sem aviso prévio me fazem recuar no tempo. Levito nas melodias nostálgicas e relembro memórias, que pintam o meu percurso. De pés no tablier, com a janela aberta e de olhos postos lá fora, avivo como até aqui cheguei. Escrever ou…
Hoje dei com as chaves de casa num casaco de Inverno que arrumei na passada quinta-feira. Eu não sou de perder coisas importantes, não sou desatenta ou esquecida. Em vinte e nove anos da minha vida, perdi a carteira uma vez. Hoje, depois de oito horas de olhos postos num…