Aterrei em Newark a 11 de Abril de 2016, às 17h00. Terça-feira. Vi Nova Iorque do outro lado do rio. Altiva, magnífica, tão perto e ainda inalcançável. Na sexta-feira atravessámos o rio, vimos os Rapters jogar no Barclays Center e pisei Times Square pela primeira vez. Iluminada pelos grandes ecrãs,…
No dia que vim ao mundo, num bloco operatório americano, creio que dediquei o meu primeiro grito à minha mãe. Tenho em mim que sim. Gritei-lhe talvez por ter nascido de manhã e não de noite. Por ser dia vinte e sete e não vinte e nove. Por me terem…
Quem fica? O que se diz? O que se faz? Quanto tempo até ficar mais fácil? Quantas vezes posso falar do vazio? Quantos dias dou à dor? Passamos o tempo a preparar-nos para a morte de alguém e esquecemos de nos preparar a nossa. O que acontece quando morremos ainda…
O pássaro nunca foi, ou é, o meu animal preferido. No entanto, invejo-lhe o voo. Nem só a liberdade, mas o abrir d’asas e voar. O ver de longe o mundo imenso. O ir, sem medo das alturas, dos cantos virgens ou dos monstros nos penhascos. Sem hora para voltar.…
“Entrou em casa com um ramo de flores. Chorou, implorou perdão agarrado aos meus joelhos”. Com o mesmo ramo de flores lhe bateu. Ficou caída na cama, em silêncio, e com dezenas de pétalas a cobrir a colcha, ensopada em baba e lágrimas. . Está em casa, sozinha. Lambe as…
É Pappy, parabéns! Seguido de um sorriso malandro, epá, obrigada! Um abraço desajeitado, um almoço de domingo, um soprar de velas, um presente improvisado e uma máquina fotográfica em punho. Tantas vezes o fizemos, tantas vezes pareceu déjà vu, sempre a mesma coisa… E hoje, parece o quê? Onde quer…
Estás aí? Tem dias que gostava, que queria mesmo, que desejo mesmo, segurar a tua cara nas minhas mãos. Ter a tua cara entre as palmas das mãos, perguntar se estás aí. Aí dentro. “Ainda estás aí?” Tem dias que tenho medo. Muitos dias que tenho medo. Principalmente quando estou…
Quando a saudade aperta tudo é motivo para voltar a Portugal. Assim que resgato a mala do tapete, há adrenalina. Há ansiedade de me sentir em casa, de querer o conforto de infância que lá fora não encontro. No entanto, quando a azáfama acalma, reconheço que quanto mais retorno mais…
Hoje dei com as chaves de casa num casaco de Inverno que arrumei na passada quinta-feira. Eu não sou de perder coisas importantes, não sou desatenta ou esquecida. Em vinte e nove anos da minha vida, perdi a carteira uma vez. Hoje, depois de oito horas de olhos postos num…
Tem décadas que um grande pedaço de tecido emigrou daqui para terras lusitanas. Usado por ti, nos teus “intes” ou “intas”, quando ainda jovem e desprovido de filhas. Adoptei esse pedaço de tecido, agora recortado em t-shirt, quando entrei no teu quarto para recolher o que, teu, quisesse. Agora estamos…