Na incerteza perco-me em pensamentos de perda e desapego. Ter de admitir que me morreste.
Fugazes foram os momentos de companheirismo leal, verdade no olhar e alegria genuína que, por mim, expressaste. Mesmo assim, mudei para sempre. Pela dor obrigaste-me a crescer e nunca te vou agradecer por isso. Destruíste alguém cujo único crime for amar-te. Amar-te tanto, tão mais que a ela mesma. Perdi-me pelo caminho e afastei-me da mulher que me ensinaram a ser. Motivos pelos quais não me quero perdoar.
Mas há saudade, de pertença e estima. E por isso sei que não tenho saudades tuas mas da ideia que tinha de ti, amei a sombra de um Homem que idealizei. Talvez nem te tenha amado. Não sei. Não sei qual a minha visão de amor, os teus impulsos maliciosos e mal pensados chutaram-me para camarote. E daqui a visibilidade é fusca e medonha. Mas sei exatamente o que não quero mais. Amar não dói! O amor na sua forma mais pura não magoa, não acida as lágrimas ou inverte sorrisos.
Sacudo as imagens alucinantes de futuros e praias que nunca desbravámos, do eco da tua voz, do teu protagonismo nos meus sonhos e de te ver em lugares improváveis. Repulso o desejo de que fosses tu quem me abraçava à beira-mar, me beijava a pele molhada e que estava ali completo, leal e sem falta de amor.
Talvez um dia seja a minha vez, no entretanto vou apagando a minha noção de ti.
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