Bem-vindo à cidade que nunca dorme e a que aparenta ser tudo aquilo que não é.
A noiva que segue no táxi amarelo, pode não ir para a igreja mas para uma sessão fotográfica. O Mickey, em Times Square, não é um rato americano, mas um minion da América do Sul, que diz “photo?” e pouco mais em inglês. A miúda que passeia os três cães é paga para isso, ela talvez nem goste de animais. O fumo que as tampas de esgoto expiram, não cheira a café, cheira mal. Tudo aqui tem sempre mais que um significado. Abre a tua mente Alice, estás na cidade dos sonhos!
As pessoas em NY são altas, tão altas como os edifícios. Os estilos que me envolvem são tão peculiares que só fazem sentido ali. Eliminando os turistas que turistam, 90% de quem por mim passa está vidrado no telemóvel a trabalhar, a seguir o mapa, em videochamada, a ler, jogar Candy Crush ou a ver GOT. Há isto tudo, mas também há pessoas como eu. Que apreciam o que à volta se passa. Já cruzei olhares com outros como eu, como se fossemos a calma nesta barafunda de cores, cheiros, beleza urbana e ruído citadino.
Já esbarrei e calquei pessoas, pedi desculpa e retribuíram-me com um sorriso. Quando no comboio parecia, e estava efetivamente, perdida alguém me ajudou. Sem ter que pedir. Há sempre alguém atento, sempre.
Visitei os pontos turísticos, com o GPS em punho: Soho, Little Italy, Empire State, Flatiron, Central Park, WTC, Times Square, Bryant Park, Highline, Chelsea market e The Village. Agora, sou a guia de quem me visita e o Bagel, o café gelado, o Bubble tea, os gelados de Reese’s Pieces, panquecas, donuts e a pizza, são paragens obrigatórias.
A primeira vez que pisei Times Square não me deslumbrei, propositadamente. Tinha deixado Portugal há um par de dias, aquela não era a minha cidade ou a minha realidade. Os ecrãs gigantescos não me aconchegavam e por isso nada me disseram.
Não queria apaixonar-me por esta cidade, recusei-a. Mas, dizem que o amor te toca quando menos esperas, e o cupido Nova-iorquino acertou-me em cheio na sola dos pés. Apaixonei-me, e todos os caminhos me levam a ela.
Semanalmente vou a NY, para trabalhar, dançar ou vadiar sozinha. Passeio sem música nos ouvidos porque quero ouvir esta cidade falar. É rude não lhe prestar a devida atenção! Ouve-se a sirene das ambulâncias, polícias, bombeiros, vozes dos artistas de rua, indivíduos que protestam, cães que ladram, risos, discussões, buzinadelas e campainhas de bicicletas. Tudo isto, uma bola de som que ecoa pelas avenidas. Eu gosto, faz-me não estar só.
Horas passam e eu a divagar, fotografar, apreciar. Várias vezes pauso para escrever, sem que fique entediada. Em NY há sempre, e repito… sempre o que fazer! Por duas vezes ouvi o Joshua Radin a cantar ao vivo, o único artista que ouço quando escrevo. Fui à Broadway sozinha, porque a Kate Blanchett fazia parte do elenco. Dancei ao lado dos Les Twins, com direito a beijos e fotografias, porque são os meus humanos dançantes favoritos. Já estive lado a lado com a Rihanna, duas vezes, Heidi Klum, Kendal Jenner e Leonardo DiCaprio. Obviamente que só me apercebi pela reação dos paparazzi, seguranças e outras pessoas como eu. Garanto-te que também não te darias conta, é-me difícil conceber que esta gente que vejo através de um ecrã está, momentaneamente, a meu lado. Mas isto é NY!
Hoje, sei que amo esta cidade porque quando viajo sinto saudades dela. Não é um amor que me atraia a ficar para sempre, mas quando partir vai ser difícil. Ela aceitou-me quando ainda desenferrujava o inglês, não era uma pedestre atenta, não conhecia o sistema de metro e andava a medo. Mostrou-me que aqui posso fazer o que quiser da minha vida. Que posso continuar a dançar e a comer comida portuguesa. Que posso fazer dinheiro a passear os cães dos outros, já que não posso ter um, ou a andar de bicicleta.
Não sou hoje uma novata, já não fico estarrecida quando gravam um filme, já sei quando o bonequinho verde das passadeiras vai aparecer, por onde andar, comer e beber, sair à noite e meditar. Assumo-me uma mini Carrie Bradshaw, com menos caracóis, mas com o mesmo amor à escrita e na busca do meu Mr.Big.
New York, estou apaixonada por ti.
6 Comments
Opah adorei 😍 Eu sou apaixonada por NY por muitas das coisas que enumeraste e é por isso que volto sempre. Mas tenho medo de deixar tudo aqui para ir viver para longe. Quem sabe um dia 😊
Beijo As duas 💋
Escreves com uma simplicidade envolvente . Adorei
Que escrita bonita e apaixonante!
NY sempre me pareceu como o descreves ! Um dia espero visistar!
Tinha pensado na Carrie Bradshaw mal comecei a ler =P
Beijinhos!!!!
You nailed it once again!
The city of dreams that never sleeps 🙂
P.S. Alice, I love you!
Bravo. Linda escrita 😍
De uma sonhadora que nunca foi a NY mas que está na minha lista de sonhos, tens uma escrita fantástica que (se aquela cidade já me deslumbrava) ainda mais encantada fiquei!
Vi hoje pela 1a vez o blog e adorei todos os textos que li ! Só espero um dia concretizar algo parecido com o que estas a viver, trabalhar (pelo menos 1 ano) nos EUA bem pertinho de NY 🙂
Muita sorte e força, e continua o bom trabalho *