Não me lembro, porque acho que nunca o fiz, de começar um texto a desculpar-me. Pelo desconforto, inquietação e dor que esta minha perspectiva escrita possa causar. Defendendo que a todes é dado o mesmo direito ao livre-arbítrio, esta é a minha liberdade a expressar-se. É a minha dor a…
Esta é para ti, que vives dentro de mim. Sem convite, sem pagar renda. Que te alimentas da minha fragilidade, da falta de amor que me tenho e das minhas expectativas que esperam, eternamente, uma boleia que chega à velocidade de uma tartaruga. Quem te convidou? Pertences à noite, criatura…
Esta carta é para ti, mãe. Não para a minha mãe, não para a minha mãe do agora. Também a minha mãe já foi esta mãe, a quem dedico esta escrita. E deixem que vos diga… não sinto saudade de quem a minha mãe e eu nos permitimos ser uma…
Se as histórias são a vida vivida de trás para a frente, isto é uma carta de amor. Escrita por alguém que sente em duas línguas. (Quando se traduz palavras, perde-se o sentido dos sentimentos). Esta carta começa pelo meio, continua no fim e termina no olá. Um divórcio é…
Sentada na cadeira ripada de metal, na varanda que admira a calla St. Elia, relembro como cá vim parar outra vez. E sozinha. Nem sei o que sinta. Despedi-me do grupo a quem mostrei Malta. Vi-as, uma a uma, a passar a porta de embarque e procurei a minha. Aterrei em…
Pousei o telemóvel e ganhei tempo. A vida correu devagar. Hey! O querer saber dos outros desapareceu, o querer que saibam de mim também. Vesti o manto da invisibilidade, só existi para mim. O comboio abrandou, o tempo parou e a roda… Essa continuou sem mim. Como esperado e sem…
É Pappy, parabéns! Seguido de um sorriso malandro, epá, obrigada! Um abraço desajeitado, um almoço de domingo, um soprar de velas, um presente improvisado e uma máquina fotográfica em punho. Tantas vezes o fizemos, tantas vezes pareceu déjà vu, sempre a mesma coisa… E hoje, parece o quê? Onde quer…
Estás aí? Tem dias que gostava, que queria mesmo, que desejo mesmo, segurar a tua cara nas minhas mãos. Ter a tua cara entre as palmas das mãos, perguntar se estás aí. Aí dentro. “Ainda estás aí?” Tem dias que tenho medo. Muitos dias que tenho medo. Principalmente quando estou…
Quando a saudade aperta tudo é motivo para voltar a Portugal. Assim que resgato a mala do tapete, há adrenalina. Há ansiedade de me sentir em casa, de querer o conforto de infância que lá fora não encontro. No entanto, quando a azáfama acalma, reconheço que quanto mais retorno mais…
Hoje dei com as chaves de casa num casaco de Inverno que arrumei na passada quinta-feira. Eu não sou de perder coisas importantes, não sou desatenta ou esquecida. Em vinte e nove anos da minha vida, perdi a carteira uma vez. Hoje, depois de oito horas de olhos postos num…